A prática da oxigenoterapia está regulamentada no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 (Resolução CFM 1457/95) Os pontos mais importantes são os seguintes: 1o. A indicação de OHB é de exclusiva competência médica; 2o. A aplicação de OHB deve ser realizada por médico ou sob sua supervisão; 3o. Outros tipos de tratamento, tais como uso de O2 em tendas, ou em respiradores, mesmo a 100% não são caracterizados como oxigenoterapia hiperbárica. As indicações aceitas pelo C.F.M. fazem parte da mesma Resolução.

As câmaras hiperbáricas podem ser de dois tipos: multiplace (ou multipacientes), que comportam vários pacientes, são pressurizadas com ar e o oxigênio é dispensado através de máscaras e as monoplace (ou monopacientes) para um único paciente, que são menores e pressurizadas diretamente com oxigênio, sem necessidade de máscaras ou capuzes.

A OHB consiste no uso científico do oxigênio puro sob pressão com finalidade terapêutica, indicado para vários tipos de alterações patológicas. Para o tratamento, que é realizado em sessões, o paciente permanece dentro da câmara hiperbárica. O oxigênio puro entra pela respiração em grande volume, dissolve-se no plasma e distribui-se pela circulação pelo corpo todo, e atinge também os tecidos cujas alterações decorrem de hipóxia.

Tecidos orgânicos utilizam oxigênio continuamente. Apesar de absolutamente indispensável, o nível de oxigênio tecidual necessário é baixo, cerca de 35 a 40 mmHg, o que em condições normais é suficiente para todas as funções dos tecidos vivos, incluindo sua restauração quando ocorre uma lesão. Em muitas situações, bloqueio dos capilares, desestrutura da anatomia local por trauma, inflamação, edema, etc.nem mesmo este mínimo é alcançado. Cria-se uma hipóxia local, que dificulta as funções teciduais, entre as quais as defesas anti-infecciosas, principalmente a fagocitose dos polimorfonucleares.

A presença de infecção propicia um ambiente redutor que se acrescenta à hipóxia, acentuando seus efeitos. A reparação tecidual que deveria restaurar o tecido tal como era antes, fica impedida. Surgem as “feridas que não cicatrizam”, que incluem processos agudos como: traumas isquêmicos de extremidades: esmagamentos, desluvamentos, amputações traumáticas.fasciítes, miosites, celulites necrosantes,gangrena gasosa, gangrena de Fournier.queimaduras térmicas elétricas e deiscências infectadas de cirurgias. Os processos crônicos que evoluem para feridas não cicatrizam são: osteomielites crônicas úlceras de pressão (decúbito) úlceras varicosas, isquêmicas ou mistas pés diabéticos. lesões actínicas (por radioterapia), fístulas de várias etiologias (doença de Cröhn, pós cirurgias) e outras.

Todos os processos mencionados acima, tem em comum: isquemia local, tendência a infecção e a necrose, edema e inflamação. Apresentam muita dificuldade em cicatrizar e podem aumentar de tamanho e profundidade atingindo locais próximos que não estavam envolvidos nas fases iniciais. O OHB para esses casos é adjuvante e aplicado em conjunto com todas as demais medidas clínicas e cirúrgicas indicados para o tratamento dessas lesões.

As aplicações são realizadas em sessões que duram de 1 a 2 horas, conforme o tipo de paciente e os protocolos utilizados. Todos os efeitos descritos acima agindo simultaneamente provocam uma modificação local de tal forma que as “feridas que não cicatrizam” retomam a capacidade de restauração do tecido, tornando possível que o potencial de cicatrização, anteriormente bloqueado pela falta de oxigênio, possa expressar-se, fazendo com que os tecidos doentes se recomponham.

Entretanto, apesar do seu potente efeito, o tratamento com oxigênio hiperbárico não deve ser empregado como uma medida única; pode e deve ser associado ao tratamento convencional. Por outro lado, acrescentando-se OHB, muitos dos tratamentos habituais precisam ser modificados. Por exemplo, devem ser evitados desbridamentos extensos, que além de não serem mais necessários quando se emprega OHB, podem trazer riscos de hemorragia devido à neovascularização exuberante. Outros procedimentos, como aproximações, enxertos e retalhos podem ser realizados muito mais precocemente, sem risco de perdas. Observa-se também que há menor necessidade de antibióticos, de procedimentos cirúrgicos e redução do tempo de internação.